segunda-feira, 21 de julho de 2014

Artes: Aqui o tempo parou.

Na agitada Avenida Paulista, bem na hora do rush matutino, sem mais nem menos, o tempo parou. Pelo menos para este relógio. Quer dizer, não só para este, mas para mais de 200 relógios da capital paulista que amanheceram assim no início deste mês.
A ação foi uma iniciativa do coletivo Aqui Bate um Coração, que no início do ano distribuiu corações de isopor vermelhos pelas estátuas da cidade, contradizendo o cantor Emicida e provando que, sim, existe amor em SP.
Os relógios públicos da cidade estão abandonados desde 2007, quando entrou em vigor a Lei Cidade Limpa, que proibiu que empresas pagassem por publicidade coladas nos aparelhos. Hoje em dia, não faltam exemplos de unidades quebradas, que não funcionam ou estão com o horário e marcador de temperatura alterados.
A frase “e aqui o tempo parou” foi retirada do livro “Os sonhos de Einstein”, de Alan Lightman, e propõe uma reflexão sobre o tempo e a existência. A intenção de expor este pensamento nos relógios é pensar sobre como a batida dos corações foi substituida pela batida dos ponteiros e tiquetaquear dos relógios – sobretudo na Avenida Paulista, onde todo mundo está sempre correndo.
Entretanto, acabou chamando a atenção para um problema: o descaso das autoridades com mais esta parte da cidade, que passa desapercebido por muita gente. A prefeitura afirma que vai substituir os modelos por versões novas a partir de fevereiro de 2013, ação que deve estar concluída até a Copa do Mundo de 2014.
Os novos modelo serão projetados por Carlos Bratke e Ruy Othake, e a empresa que ficará responsável pelos novos relógios deve pagar R$ 389 milhões à prefeitura para expor publicidade nos equipamentos pelos próximos 25 anos.

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