Também chamada
chumbo negro ou plumbagina, a
grafite tem múltiplas e importantes aplicações industriais, embora seja mais conhecida popularmente por sua utilização como mina do
lápis.
A grafite corresponde a uma das quatro formas alotrópicas do
carbono. As outras são o
diamante, o
fulereno e o
grafeno.
Cristaliza-se no sistema hexagonal regular com simetria rômbica. Em
geral, seus cristais são tubulares, de contorno hexagonal e plano basal
bem desenvolvido. A grafita apresenta-se, habitualmente, sob a forma de
massas laminadas ou escamosas, radiadas ou granulosas.
O grafite é composto por infinitas camadas de átomos de carbono hibridizados em sp². Em cada camada, chamada de folha de
grafeno, um átomo de carbono se liga a 3 outros átomos, formando um arranjo planar de hexágonos fundidos. O orbital 2p
z, não hibridizado, que acomoda o quarto elétron forma um orbital deslocalizado com simetria π. Uma interação fraca de
van der Waals
mantém as folhas de grafeno unidas, a uma distância de 3,354 Ångstroms.
A forma mais comum do grafite, é o hexagonal, em uma arrumação ABAB.
Porém, o mesmo pode ser encontrado em uma outra forma, menos comum do
que a primeira, conhecido como grafite romboédrico, que apresenta uma
arrumação ABCABC. As principais características do grafite são sua
capacidade de conduzir eletricidade e calor, que ocorre devido a
deslocalização de seus elétrons π, e sua propriedade lubrificante, que
se dá devido a sua estrutura em camadas ligadas por interações fracas
de van der Waals. Essas camadas podem deslizar uma sobre a outra. A
rotação ou translação de camadas adjacentes de grafite pode levar a
variações no espaço inter-camadas, que torna-se maior do que o normal.
Esse fenômeno leva a uma estrutura conhecida como grafite turbostático.
Outra forma conhecida do grafite, é o pirolítico (
ingl.: Highly
ordered pyrolytic graphite or highly
oriented
pyrolytic graphite — HOPG), um grafite artificial policristalino,
preparado pela pirólise de um gás contendo carbono em temperaturas
acima de 2.000 °C.
Mineral
de variadas propriedades físicas, a grafita tem numerosas aplicações
industriais. É mole, facilmente desgastável, untuosa e de boa
condutibilidade elétrica. A grafita natural encontra-se em três formas,
que determinam o emprego industrial: amorfa, cristalina e em lâminas. A
grafita amorfa formou-se por intrusões ígneas em leitos de
carvão,
que se calcinou, convertendo-se em grafita, cuja pureza raramente é
superior a 85%. A forma cristalina ocorre em grupos maciços de cristais
de brilho argênteo e sua pureza supera 99%. A grafita em escamas, a
mais rara e em alguns casos a mais valiosa, encontra-se disseminada em
rochas que experimentaram alto grau de metamorfismo local. Nessas
formas, o enxofre é escasso ou se acha ausente.
A grafite é utilizada na fabricação de cadinhos refratários para as indústrias do
aço, do
latão e do
bronze. Para essa finalidade emprega-se a grafita importada do
Sri Lanka.
A grafita é usada, também, como lubrificante. Misturada com argila
muito fina forma a mina do lápis; a que melhor se presta para tal fim
provém de
Sonora, no
México. A grafita se emprega ainda largamente na fabricação de tinta para proteção de estruturas de ferro e de aço.
A grafite é um dos
alótropos do
carbono; é um condutor elétrico, e pode ser usado, por exemplo, como os
eletrodos de uma
lâmpada
elétrica de arco voltaico. Porém o grafite é utilizado em várias outras
maneiras tais como a fabricação de motores e peças eletrônica.
As primeiras minas de grafite foram descobertas em 1400 na
Baviera, hoje uma região da
Alemanha. Em 1504, descobriram uma mina de grafite em
Cumberland, na
Inglaterra.
Somente no final do século XVIII o químico Karl Wilhelm Scheele
comprovou cientificamente, que a grafite era um elemento próprio
(carbono).
A grafite da mina inglesa de Cumberland foi de tal forma explorado,
que os ingleses passaram a proibir sua exploração sob ameaça de pena de
morte. A qualidade da grafite inglês e os lápis com ele produzidos
foram desvalorizando-se cada vez mais.
O lápis surge na Alemanha pela primeira vez em 1644 na agenda de um
Oficial de Artilharia. Em 1761 na aldeia de Stein, perto de Nuremberg,
Kaspar Faber inicia sua própria fábrica de produção de lápis na
Alemanha.
A partir de 1839 ocorre um aperfeiçoamento do chamado processo de
fabricação da grafite, com a adição de argila; uma invenção quase
paralela do francês Conté e do austríaco Hartmuth no final do século
XVIII. A partir de então argila e grafite moídos são misturados até
formarem uma pequena vara e depois queimados.
Através da mistura de argila com grafite tornou-se então possível
fabricar lápis com diferentes graus de dureza. Lothar von Faber aumenta
a capacidade de produção de sua fábrica. Após a construção de um moinho
de água, a serragem e entalhamento da madeira passam a ser mecanizados
e uma máquina a vapor torna a fabricação ainda mais racional. Desta
forma está aberto o caminho para a indústria de grande porte.
Em 1856 Lothar von Faber adquire uma mina de grafite na Sibéria, não
muito distante de Irkutsk, que produzia o melhor grafite da época. O
"ouro negro", como a grafite era chamado, era transportado por terra
nas costas de renas ao longo de caminhos inóspitos e acidentados.
Somente ao chegar a cidade portuária, o material podia ser enviado de
navio para locais mais distantes.
Dos tempos pioneiros até os dias de hoje, tanto a qualidade quanto a
forma de produção dos lápis de grafite e dos lápis de cor, foram sendo
cada vez mais aprimoradas. Embora a forma e a aparência externa dos
lápis tenham sido mantidas iguais até os nossos dias, não é possível
comparar os lápis fabricados antigamente com a pureza e seriedade com
que os artigos atuais são produzidos