sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MOÇA DO BRINCO DE PÉROLA

O filme, Moça com Brinco de Pérola, retrata uma história fictícia de como o pintor Johannes Vermeer teria reproduzido seu famoso quadro de mesmo nome.
A história fala de uma moça holandesa camponesa, Griet. Seu pai é um ex-pintor de cerâmica que agora está cego. A moça é forçada a deixar sua casa e ir trabalhar como empregada doméstica em uma casa na cidade devido a aparentes dificuldades financeiras pelas quais sua família estava passando. Chegando na casa, Griet aprende os deveres do cotidiano com outra empregada que já trabalha lá há mais tempo, conhece a família - ríspida e egoísta, o que se reflete no modo de tratamento da mulher de Vermeer com os empregados ou mesmo o das crianças - e recebe normas novas, como não dirigir a palavra a patroa a menos que esta pergunte-lhe algo. O retrato desta família do século XVII/XVIII européia mostra claramente a diferença das classes sociais na Europa e a mente fechada e mesquinha da elite, mas enfim, trate-se apenas do foco da matéria (estética).
Griet fora muito bem criada, por isso era muito esperta, inteligente, de gênio forte e delicada. Possuía a pele bem clara e traços finos e discretos, era bela. Ao limpar o sótão, começa a observar a obra de seu patrão, Vermeer, artista Barroco, famoso por retratar na maioria de suas obras o cotidiano, simplesmente, e na maioria das vezes o das mulheres. Era sustentado pelo mecenato e recebia encomendas especias, além de ter reproduzido outros poucos temas em seus quadros. Certo dia, Vermeer vê Griet limpando uma das vidraças de seu ateliê e se interessa pela composição. Com o tempo, começa a ensinar alguns conceitos da arte, e Griet o compreende muito bem. Chega inclusive um momento em que ela o ajuda na montagem da pintura, quando Griet percebe que certo quadro ficaria melhor sem a cadeira ao lado da manequim. O artista ensina sua empregada a preparar a tinta, moer, misturar com o óleo, fala das cores, dos tons, ensina que o mundo não é pastel, e que uma única cor se decompõe em várias outras, como é o caso das nuvens, ou dos vestidos. Há um clima de romance no ar, embora nenhum dos dois tomem partido a favor, dadas as circunstâncias e aos princípios da camponesa.
Em sua próxima encomenda, Vermeer irá pintar sua empregada moça, a pedido do Mecenas. Há de se destacar o modo como as encomendas geralmente se deram durante o decorrer do filme. A sogra do pintor, que também mora na mesma casa, propõe um jantar especial e convida o mecenas, seja para mostrar a estréia de quadros ou outras ocasiões especiais, como o nascimento de mais um neto. Durante o jantar a conversa se direciona a partir de interjeições e indiretas ao assunto “nova encomenda”, onde o mecenas pode aceitar as sugestões de pintura ou simplesmente revelar que já está com um quadro em andamento de outro pintor.
Este novo quadro encomendado exige extremo sigilo, já que a esposa do pintor é extremamente ciumenta e possessiva. Ambos, Griet e Vermeer, encontram-se no ateliê em horários estratégicos para comporem a pintura. O artista, com o decorrer de seu trabalho, logo nota que falta algo no quadro, falta algum ponto de brilho. Vendo sua esposa em sua sala, pede para que ela vista suas pérolas, brincos, para que ele possa olhar. Ela, toda contente, as veste, e logo em seguida Vermeer comenta a triangulação dos postos de brilho com Griet, o que deixa sua mulher bastante irritada. O pintor agora quer que Griet use o brinco de pérolas para o quadro, mas ela, porém, não possui furos nas orelhas. Em uma semana na qual a patroa estará fora, a mãe dela, sogra do pintor, fala a empregada que vá logo furar as orelhas, já que a família precisava muito do dinheiro da encomenda, e entrega a Griet os brincos de pérolas de sua filha. Vermeer fura a orelha de Griet, a pedido dela mesma, e então terminam o quadro.

Ao voltar, a dona dos brincos pede pra ver o quadro, tendo ouvido sobre o real pedido da encomenda. Chora por a empregada ter usado seus brincos de pérola escandalosamente e a manda que saia da casa. Griet então pega suas coisas e vai embora. Já e outra casa, provavelmente morando com o açougueiro, quem a havia pedido em casamento, praticamente, e com quem já namoricava desde que começara a trabalhar com os Vermeer, ela recebe um embrulho pelo “correio”. Ao abrir, vê os brincos de pérola. Aparece o quadro real, Moça com Brinco de Pérola, na tela do filme, e fica por alguns instantes, antes que comecem os créditos. A pintura é linda e intrigante, já que não retrata a beleza clássica e idealizada, mas algo mais comum, e por isso, belo. Nota-se um forte contraste claro/escuro, isto é, luzes e sombras, característico do movimento artístico ao qual o pintor está incluso, o Barroco, e as cores predominantes são o azul, vermelho e dourado, o que não é aleatório. O uso de tais cores está conexo ao período, onde houve um contato maior com o oriente, a china em especial, onde estas cores eram tradição, sendo traduzidas na Europa como requinte e quebra com a última Escola.

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