segunda-feira, 4 de agosto de 2014

ARTES-Exposição “A cerca de.” por Angelo Issa



Neste mais recente trabalho, pedaços de cercas e arames farpados representam divisões e separações usadas como limite ao movimento do gado, e que aqui são reconstruídas e acrescidas de pinceladas de pigmentos que interagem com a fuligem a ferrugem, o lodo e as marcas do tempo, representando a imposição de limites ao homem.

Trata-se uma tentativa de fazer valer um diálogo entre o suporte, as marcas do tempo, a pintura e a imagem, ou seja, a apresentação de uma nova abordagem do emprego e uso das tintas, bem como a pesquisa inusitada do suporte a dialogar com o tema proposto.

São feitas desconstruções de currais velhos e a reconstrução dos demônios do homem. O homem massacrado, humilhado, despido de todo o respeito e de toda a dignidade é aqui representado por pedaços de réguas de currais velhos, fuligem, pigmentos e por ferpas de arame farpado. Reconstruir os limites foi o grande objetivo. Os limites do homem massacrado, preso e humilhado, despido de todo o respeito e de toda a dignidade, como o gado preso em currais.

Segundo a historiadora e crítica de arte, Ângela Âncora da Luz (Escola de Belas Artes/UFRJ): “Angelo Issa segue o caminho de sua interioridade e vai confirmando a consciência das visões, na verdade de sua pintura. As tábuas que se associaram para nos permitir desvendar suas vivências vão se constituindo como quadros completos. É neste ponto que o artista os instala no ambiente e os une pelo arame farpado.  Ele vai intercalando tábuas mudas, sem pintura, àquelas que foram reveladas, trazendo a irrupção das imagens. Aos poucos surge outra cerca, que não mais limita a área do gado e o seu confinamento, mas que nos apreende.”



 

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