Neste mais recente trabalho, pedaços de cercas e
arames farpados representam divisões e separações usadas como limite ao
movimento do gado, e que aqui são reconstruídas e acrescidas de pinceladas de pigmentos
que interagem com a fuligem a ferrugem, o lodo e as marcas do tempo,
representando a imposição de limites ao homem.
Trata-se uma tentativa de fazer valer um diálogo
entre o suporte, as marcas do tempo, a pintura e a imagem, ou seja, a
apresentação de uma nova abordagem do emprego e uso das tintas, bem como a
pesquisa inusitada do suporte a dialogar com o tema proposto.
São feitas desconstruções de currais velhos e a
reconstrução dos demônios do homem. O homem massacrado, humilhado, despido de
todo o respeito e de toda a dignidade é aqui representado por pedaços de réguas
de currais velhos, fuligem, pigmentos e por ferpas de arame farpado.
Reconstruir os limites foi o grande objetivo. Os limites do homem massacrado,
preso e humilhado, despido de todo o respeito e de toda a dignidade, como o
gado preso em currais.
Segundo a historiadora e crítica de arte, Ângela
Âncora da Luz (Escola de Belas Artes/UFRJ): “Angelo Issa segue o caminho de sua
interioridade e vai confirmando a consciência das visões, na verdade de sua
pintura. As tábuas que se associaram para nos permitir desvendar suas vivências
vão se constituindo como quadros completos. É neste ponto que o artista os
instala no ambiente e os une pelo arame farpado. Ele vai intercalando
tábuas mudas, sem pintura, àquelas que foram reveladas, trazendo a irrupção das
imagens. Aos poucos surge outra cerca, que não mais limita a área do gado e o
seu confinamento, mas que nos apreende.”
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