Depois de toda a
história da escravidão no Brasil, há tanto tempo atrás, é difícil imaginar que ainda exista
esse tipo de prática. Mas a realidade é que ainda existe, porém de maneira
“disfarçada”. Claro que a quantidade não se compara à escravidão do século XVI ao XVIII, mas não é uma situação aceitável, principalmente em pleno século XXI.
Hoje a maneira de adquirir mão-de-obra escrava, é através do “gato”, um método onde o patrão faz falsas promessas de salário e do modo de vida que os trabalhadores terão. Chegam de maneira agradável para parecer de confiança, mas no fundo colocam os empregados em difíceis situações sem a possibilidade de se desvincular.
Normalmente pegam pessoas de regiões distantes do local em que irão trabalhar, e para “conquistarem”, oferecem adiantamentos e transporte gratuito. Porém, ao chegar lá se deparam com algo totalmente diferente do esperado, o patrão já informa que o empregado possui dívidas, pelo dinheiro adiantado, pelo transporte, alimentação, alojamento, e até pelos instrumentos de trabalho que serão necessários. E sem contar que os preços são muito acima do comum.
Aos que tentam ir embora, não há como, pois os patrões alegam que o trabalhador possui dívidas, e que não pode ir embora até pagá-las, porém quanto mais ficar lá, mais terá que pagar. Ou seja, vivem somente para isso. Sofrem muitas ameaças, e se tentam fugir, podem ser vítimas de surras e humilhações. E não existem maneiras de pedir ajuda, pois normalmente as propriedades são distantes da cidade e de outro local povoado.
Como os Trabalhadores Vivem
Muitos fazendeiros
para escapar da fiscalização, criam locais apropriados para alojamento, mas não deixam os
trabalhadores utilizarem, logo precisam arrumar um local para ficar., seja no
meio do mato, ou junto com os animais. Ficam muito vulneráveis a adquirir
vários tipos de doenças, e quando adoecem, tornam-se um peso para os patrões, que não tomam nenhuma
providência, pois o que não falta é mão-de-obra disponível, assim muitos acabam falecendo pela falta de
medicamentos e tratamentos.
A alimentação é descontada da
“remuneração”, ou seja, a maneira mais fácil de se escravizar: “Quer comer? Então trabalha e pague
sua 'dívida'!”, e normalmente quando fornecida, a comida é apenas arroz e feijão. Os trabalhadores não recebem direitos
básicos como férias, adicional
noturno e seguro
desemprego. A água é suja, e os trabalhadores necessitam bebê-la,
tomar banho e lavar as roupas. As jornadas de trabalho são em excesso, sem
direito a folgas. Se tornam prisioneiros, sem contar, que em meio a tudo isso,
há também a exploração do trabalho infantil.
Região com maior índice de trabalho escravo no Brasil
No Brasil, estima-se
cerca de 30 mil pessoas que vivem em condições do trabalho escravo, e o Pará é a região que mais possui esse tipo de prática, em média 70% do total. Muitos
conseguiram se libertar por serem localizados através da fiscalização, portanto é
necessário uma fiscalização ainda mais ativa e rigorosa, pois são milhares os que ainda se encontram em tal situação desumana.
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